Como guardei 50% do salário
14 janeiro, 2021 por Aurélio Pita
Durante o ano de 2020 consegui poupar 50% do meu salário. Embora o covid tenha ajudado, era algo que tinha planeado desde o início do ano.
O primeiro passo foi fazer levantamento das minhas despesas recorrentes.
A despesa fixa resumiu-se a renda, comida e serviços como internet, água e luz. Também adicionei voos, férias e despesas com o carro. No final, estas despesas fixas resultaram em 21% do meu salário mensal.
Despesas fixas: 21%
É um valor relativamente baixo comparado com a maioria dos portugueses. Se me perguntarem como consigo a resposta é simples: vivo uma vida frugal sem pedir empréstimos.
No início do mês este dinheiro é movido para diferentes depósitos a prazo. Isto é, tenho um depósito para férias e outro para despesas do carro. São depósitos a prazo pois posso necessitar do dinheiro a qualquer momento. A ideia não é ganhar juros, mas sim separar o dinheiro. A renda e afins também são pagos automaticamente.
Um ponto importante é que planeei à cabeça o valor de imprevistos com o carro. Para além de contar com o seguro, selo, revisões e inspeção, adicionei um extra para problemas de mecânica. Se temos carro é normal acontecerem imprevistos e mais vale estarmos preparados.
Com as despesas fixas no lugar e a consumir uma percentagem baixa do meu salário consegui disponibilizar 50% para guardar e investir.
Guardar e investir: 50%
Este valor também é transferido automaticamente no início do mês para um depósito a prazo. Depois, parte é investida e a outra é guardada para oportunidades que possam surgir ou educação.
Com os dois objetivos principais garantidos sobram 29% para doações e aproveitar a vida.
Assim, seguindo a regra do dízimo, dediquei 10% a doações.
Doações: 10%
Este valor não é apenas doações para a caridade. Aqui estão incluídas as prendas que dou ao longo do ano, os jantares que posso pagar a amigos ou alguma gorjeta mais alta por algum serviço. Basicamente dinheiro para outras pessoas usufruírem.
Este valor também é transferido automaticamente no início do mês para um depósito a prazo.
Com isto sobra 19% para viver o meu dia a dia.
Viver: 19%
Aqui está incluído restaurantes, bares, eventos, cinema, saídas à noite e tudo o resto que não é essencial mas que acrescenta qualidade à vida.
Se sobrar dinheiro no fim do mês ou deixo para o mês seguinte ou adiciono a alguma das contas poupança, geralmente férias ou investimentos. Se faltar é porque provavelmente aconteceu alguma emergência. Nesse caso uso o meu depósito de emergência.
Para gerir todas estas percentagens não costumo perder muito tempo nem fazer contas ao cêntimo. O segredo é pagar-se a si primeiro.
Pagar-se a si primeiro
Isto significa que o mais importante é “pagar” o que está planeado e viver com o que sobra.
Uma vez que no início do mês tudo vai para a sua conta automaticamente, só tenho que ficar atento à conta à ordem. Esse é o dinheiro que sobra e que tenho que gerir até ao final do mês.
O resto é gerido quase automaticamente. Se quero dar uma prenda a alguém, vou ao depósito das doações e vejo qual o valor disponível. Faço a compra e movo o dinheiro do depósito para a conta à ordem. Isto ajuda-me a saber quando posso oferecer sem sacrificar as minhas finanças.
O mesmo acontece quando vou ao mecânico ou de férias. Se estes valores forem bem calculados, o dinheiro disponível será suficiente na grande maioria das vezes.
Viver com percentagens
Viver com percentagens, ou orçamento, não significa que não estou a aproveitar a vida, antes pelo contrário. Isso permite-me aproveitar o máximo da vida com a segurança que o meu futuro está garantido.
Aproveitar a vida é saber que podes gastar tudo o que está na conta sem consequências pois tudo está planeado.
Resumo das contas
Uma conta à ordem. Quatro depósitos a prazo: Férias; Carro; Investimentos; Doações.