Como guardei 60% do meu salário

Com a chegada do final de 2021, decidi analisar algumas estatísticas provenientes dos dados que fui recolhendo ao longo do ano. É um exercício que me leva a pensar nas minhas decisões e a refletir se estou no caminho certo para os meus objetivos a longo prazo.

Só conseguimos melhorar o que conseguimos medir

Antes de analisar os dados, é importante perceber que o facto de fazer o levantamento mensal das minhas finanças, isto é, registar quanto tenho no banco, em investimentos e em créditos, faz com eu consiga efetivamente medir e analisar onde estou na minha jornada. Em ambientes empresariais ouvimos muitas vezes a frase “só conseguimos melhorar o que conseguimos medir” mas eu acredito que ela aplica-se também à nossa vida pessoal.

O grande número

No início do ano tinha o plano de poupar 50% do meu salário. Para que isso acontecesse, estipulei algumas transferências automáticas na minha conta bancária. Sempre que recebia o salário na conta, parte do dinheiro era transferido para a minha conta de investimentos e parte para outras contas com objetivos a curto prazo. No final, o que sobrava à ordem era a minha mesada, dinheiro que podia gastar sem pensar muito nele.

Ao analisar os dados, um número saltou à vista. Em 2021 eu poupei e investi 60% do meu salário. O melhor é que não notei alterações no meu estilo de vida pois continuei a gastar o que tinha na conta à ordem como esperado. Ao analisar os dados posso levantar duas razões pelo qual isto aconteceu.

A primeira é que faço o meu orçamento inicial a contar com o salário base, mas ao longo do ano consegui ganhar dinheiro extra. Este ano recebi alguns bónus, ajudas de custo e fiz alguns trabalhos por conta própria. Como não estava a contar com este dinheiro para o meu dia a dia, movi tudo o que ganhei para os meus investimentos.

A segunda razão é que quando estamos com ritmo e a ver os investimentos a crescer, vamos fazer todos os possíveis para manter esse ritmo. Por exemplo, sempre que a conta de investimentos ficava perto de um número grande, tirava da conta pessoal e arredondava os investimentos. Outro exemplo foram as pequenas apostas que fiz com a namorada, algo divertido onde quem perdesse tinha que meter dinheiro na sua conta investimentos. Isto é, quem perdia continuava a ficar com o dinheiro, agora em investimentos.

Juros compostos

Outro número que saltou à vista foi o valor que os juros compostos estão a gerar nos investimentos. Este ano o mercado tem estado em crescimento constante o que fez com que os meus investimentos aumentassem 32% apenas com juros. Isto aliado aos meus reforços mensais fizeram o valor disparar.

Eu não invisto em criptomoedas, mas para quem segue notícias relacionadas com o tema, pode pensar que 32% é pouco, visto que por exemplo a Dogecoin disparou 5.000% em um ano. A diferença é a consistência.

Eu não quero arriscar o meu dinheiro em algo que pode disparar cinco mil por cento mas a probabilidade de ficar a zeros de um dia para o outro é ainda maior. Eu sigo fielmente as regras do Warren Buffett: Primeira regra, nunca percas dinheiro. Segunda, nunca te esqueças da primeira regra.

Perder dinheiro faz com que fiquemos com menos a trabalhar para nós. Por isso, com o dinheiro do meu lado e investido em algo que cresce a longo prazo, sei que é apenas uma questão de tempo até chegar a valores inimagináveis neste momento.

Aproveitar mais a vida

Um dos pontos que tenho que frisar é que eu não sacrifiquei a minha diversão ou estilo de vida para poupar e investir. Continuei a viajar, a jantar fora e a sair com amigos. Também criei alguns novos hábitos, como andar de bicicleta diariamente, algo que não custa dinheiro mas faço-o porque gosto genuinamente.

Neste momento, gastar mais cem ou quinhentos euros por mês não aumentará a minha felicidade. Por outro lado, saber que tenho dinheiro extra, dá-me conforto e faz-me acreditar que o futuro será ainda melhor. Para mim, isso é essencial para conseguir viver e aproveitar tranquilamente o presente.

Planos para 2022

A ideia para 2022 continuará a ser guardar 50% do meu salário. Quero continuar a fazer trabalhos por conta própria e acredito que vou receber algum dinheiro extra. Dependendo dos valores, ao longo do ano posso ajustar o plano.

O principal continuará a ser pensar a longo prazo e pesar o que me dá felicidade hoje com o que me dará ainda mais conforto no futuro.