Everyday Millionaires (Milionários do dia a dia) de Chris Hogan
25 março, 2021 por Aurélio Pita
Milionários do dia a dia, traduzido literalmente de Everyday Millionaires, visto ainda não existir título em português, é um livro escrito pelo Chris Hogan, onde apresenta estatísticas e lições do maior estudo alguma vez feito sobre milionários.
O livro reconhecido até à data como o maior estudo sobre o tema era “O Milionário Mora ao Lado”, de Thomas J. Stanley, publicado em 1996. Esse livro continua a ser uma referência no que toca a finanças pessoais, mas o Chris Hogan, com o livro Everyday Millionaires, foi um pouco mais além.
Chris Hogan, e a sua equipa no Ramsey Solutions, entrevistaram 10.000 milionários, e ao contrário do livro de Stanley, é um livro atual, lançado em 2019. Os dois apresentam praticamente a mesma visão sobre os milionários e as estratégias que utilizam, mas sendo o Everyday Millionaires um livro mais recente e com um maior número de entrevistas, as estatísticas são mais relevantes caso queiramos aprender com os atuais milionários e repetir a receita.
Everyday Millionaires
O livro está dividido em três partes que destroem os mitos da sociedade em relação aos milionários. Os mitos são os seguintes:
- Eles receberam dinheiro sem trabalhar
- Eles assumem grandes riscos para fazer dinheiro
- Eles têm uma educação e carreiras profissionais privilegiadas
Vamos analisar o que as estatísticas dizem em relação a cada um desses pontos. Visto ser um livro americano, as estatísticas são baseadas nos Estados Unidos da América, mas mesmo vivendo em Portugal, elas continuam a ser válidas e relevantes na grande maioria das vezes.
Antes de mais, o conceito de milionário descrito no livro é de alguém, geralmente um casal, que tem mais de 1 milhão de dólares em património, incluindo a casa onde moram e os seus investimentos.
Mito 1 - Os milionários receberam dinheiro sem trabalhar
Num estudo feito à parte pela sua equipa, Chris Hogan descobriu que 74% dos millennials e 52% dos baby boomers, acreditam que os milionários herdaram a sua riqueza.
As estatísticas do estudo provam o contrário, elas dizem que a grande maioria, 79%, não recebeu qualquer tipo de herança. Por outro lado, apenas 16% receberam mais do que 100 mil dólares.
Isto significa que a maioria dos milionários criou a sua própria riqueza. A estatística também mostra que 8 em cada 10 milionários foram criados em famílias de classe média ou inferior.
Será que os milionários são apenas sortudos? Penso que não, quando questionados, 76% dos milionários responderam que qualquer pessoa pode se tornar milionária sendo disciplinada, evitando dívidas e investindo regularmente.
Ao longo do livro, começamos a ganhar noção que tornar-se milionário é uma questão de fazer pequenas escolhas inteligentes sempre a pensar no longo prazo, e a estatística mostra isso, sendo que 97% dos milionários dizem controlar o seu destino.
Mito 2 - Os milionários assumem grandes riscos para fazer dinheiro
O livro diz que a maioria das pessoas acredita em duas coisas: os milionários fazem investimentos arriscados e fazem dinheiro rapidamente.
A verdade é que a maioria dos milionários investem parte do seu salário, mês após mês e ano após ano, durante muitos anos, levando 28 anos em média até fazerem o primeiro milhão. As estatísticas mostram que 75% dos milionários investem regularmente e consistentemente em fundos diversificados, reduzindo assim o risco. Também mostra que nenhum dos milionários atribui a sua fortuna a uma ação específica do mercado de ações. Eles acreditam que é melhor diversificar do que apostar numa só empresa.
Pelo livro também percebemos que é mais importante gerir bem o que recebemos do que necessariamente ganhar mais dinheiro, sendo que 94% dos milionários gastam menos do que ganham, comparativamente a 55% da população geral. Também, 95% dos milionários planeiam poupanças e grandes compras com antecedência, na população geral apenas 67% o faz. Em relação ao planeamento, 93% dos milionários seguem à risca o orçamento feito com antecedência.
Em relação à dívida, os milionários, mais uma vez, têm algo em comum, sendo que 95% compram sempre a pronto, incluído carros. Em relação aos créditos, 75% dos milionários nunca utilizaram um cartão de crédito na sua vida. Na compra da casa, 63% não pediu crédito habitação. Os que pediram, pagaram a casa em 7 anos, em média. A média também nos diz que as suas casas têm menos de 240 metros quadrados e são usadas 17 anos antes de as trocarem.
É importante notar que a grande maioria dos milionários não nasceram milionários, 79% como vimos. Por essa razão, não podemos dizer que eles não pedem créditos porque são milionários. É exatamente o contrário, eles tornaram-se milionários porque não usaram créditos, vivendo assim uma vida dentro das suas possibilidades, usando orçamentos para controlar as despesas, pagando a casa rapidamente e investindo para ganhar dinheiro, em vez de pagar taxas.
Mito 3 - Eles têm educação e carreiras profissionais privilegiadas
Visto os milionários não receberem heranças nem correrem grandes riscos para criar riqueza, eles têm que ter alguma vantagem, provavelmente foram para melhores escolas e têm salários muito superiores à população geral.
Isto é o terceiro mito que o livro destrói, uma ideia que para criar riqueza é necessário ter algum tipo de vantagem. Na verdade, 62% dos milionários estudaram em escolas ou universidades públicas e apenas 8% estudaram em universidades prestigiadas. Isto mostra que a instituição onde estudamos não é muito relevante. Por outro lado, 88% dos milionários frequentaram a universidade, comparativamente a 33% da população geral. Metade dos milionários, 52%, têm um mestrado ou grau superior, comparativamente a 12% da população geral. Onde estudamos não é importante, mas estudar parece ser uma boa aposta para criar riqueza. Para finalizar, 50% dos milionários tiveram como nota média um B, o que significa que não é necessário ser um excelente aluno para ter sucesso financeiro.
Em relação ao trabalho, 93% dos milionários dizem que alcançaram o estatuto de milionários pelo trabalho árduo e não pelo grande salário, e a estatística também o mostra. Apenas 15% dos milionários têm trabalhos de direção, como vice-presidente, CEO, CFO, COO, etc. Algo espantoso é que o top três das profissões milionárias é composto por engenheiros, professores e contabilistas. Por outro lado, 18% dos milionários têm negócios próprios.
Em relação aos salários, 62% dos milionários recebem menos de 100 mil dólares por ano, no total do casal. Durante a conquista do primeiro milhão, apenas 31% receberam mais do que 100 mil dólares por ano. Alertar que estamos a falar do total do casal, e mesmo sendo valores altos no contexto português, temos que ter em consideração que o custo de vida nos EUA é maior.
No livro, o Christ Hogan mostra vários exemplos de pessoas e casais, com salários conjuntos bem abaixo dos 100 mil dólares anuais, que se tornaram milionários. Ao ler todas essas histórias e todas as estatísticas, ficamos com uma ideia de que criar riqueza é uma questão de comportamento e não de salário. Os milionários são focados, têm objetivos a longo prazo, gastam menos do que ganham e investem com estabilidade. Como exemplo, 80% dos milionários praticam exercício pelo menos três vezes por semana, eles sabem que para terem bons resultados na vida têm que se manter saudáveis e fazem por isso. Eles aplicam a mesma dedicação e foco às suas finanças pessoais.
A receita
Ao longo do livro, o Chris Hogan dá-nos discursos motivacionais e pequenas dicas para aplicarmos no dia a dia. A receita para criar património parece ser simples: a educação é importante e devemos estar sempre dispostos a aprender. Mais do que tentar ganhar dinheiro forçosamente, devemos aprender a gerir o que recebemos e viver sempre com menos do que ganhamos. Devemos planear poupanças e compras seguindo os orçamentos estipulados, ganhando assim vantagem na gestão financeira. Não devemos arriscar o nosso dinheiro, devemos colocá-lo a trabalhar para nós, sempre a pensar no longo prazo e em algo diversificado. Devemos evitar dívidas e créditos, uma vez que eles trabalham contra nós. Se pedirmos um crédito habitação, devemos pagá-lo rapidamente, no máximo de 15 anos, de forma a termos tempo e dinheiro livre para gerar riqueza. Acima de tudo, devemos ser consistentes, sistemáticos e focados no objetivo final, seja ele qual for. E por fim, devemos ser generosos, pois é necessário dar para receber.