Investir não me vai tornar rico

01 outubro, 2021 por Aurélio Pita

Todos nós ouvimos histórias de gente que investiu relativamente pouco e fez muito dinheiro. Isso acontece em coisas como Euromilhões, ações especulativas ou criptomoedas que disparam até à lua de um dia para o outro. Essas histórias existem, mas não me atraem.

É preciso perceber que todas essas notícias são a excepção à regra. A probabilidade de acertar em algo do género é tão baixa, que nem devemos chamar a isso investimento, na maioria dos casos é apenas sorte e azar.

Esse tipo de “investimento” não me atrai minimamente. Ainda para mais, eu acredito que não é o investimento em si que me fará rico, mas sim a consistência das minhas ações.

Vejamos, alguém que tem a sua vida financeira desordenada, em que não lhe sobra dinheiro no final do mês, pode pensar em colocar 100 ou 500 euros numa criptomoeda ou ação especulativa, para conseguir o máximo valor do seu dinheiro.

A verdade é que está a arriscar dinheiro que lhe faz falta, em algo extremamente incerto. Mesmo que tenha a grande sorte de duplicar ou triplicar o investimento, esses valores não lhe mudarão a vida. E para quem pensa que vai ganhar mil vezes o valor investido, só posso dizer que vive numa ilusão.

Por esse motivo, acredito que investir não me fará rico. Acredito que a base para criar riqueza é uma boa gestão financeira. Investir é uma consequência disso, é uma forma de colocar o dinheiro que não me faz falta hoje, a trabalhar para o meu futuro.

A base da minha gestão financeira é gastar menos do que recebo. Para quem acha que recebe pouco e vê isso como uma desculpa para não o conseguir fazer, está a esquecer-se que só depende de si para ganhar mais dinheiro. Investir em formação ou trocar de área são dois exemplos de como fazer isso acontecer. Por outro lado, a maioria das pessoas vive com níveis elevados de consumismo, e mesmo que receba mais, não vai resolver nada. O grande problema é o seu estilo de vida.

Pensar a longo prazo

Viver abaixo do meu salário faz com que sobre muito dinheiro para investir todos os meses. Isso significa que não dependo de grandes retornos para aumentar o meu património. Só preciso de tempo.

Um mês pode não fazer a diferença, mas se investir 20, 30 ou 50 por cento do meu salário todos os meses, em algo minimamente estável, com certeza verei resultados positivos. Se alargar isto para dez anos, chegarei a um nível financeiro que a grande maioria dos portugueses nunca chegará.

Existem muitas formas de investir. Eu utilizo um fundo de investimento passivo (ETF), bem diversificado para esse efeito. Se daqui a dez anos o meu dinheiro duplicar, ficarei contente, mas o que realmente vai fazer o meu património aumentar, é o dinheiro que coloco religiosamente todos os meses nesse investimento.

Investir para duplicar o dinheiro em dez anos parece ridículo, quando podemos comprar uma criptomoeda e duplicar o dinheiro em menos de um mês. Felizmente, não sinto a necessidade de arriscar para duplicar o dinheiro hoje. Prefiro apostar que daqui a dez anos estarei numa posição muito mais vantajosa, tendo a probabilidade do meu lado.

Se levar esta consistência ainda mais longe, em menos de 20 anos estarei numa posição de independência financeira, onde trabalhar por dinheiro passa a ser opcional.

É importante ter noção do motivo pelo qual estamos a investir. Se temos problemas financeiros, ganhar mais dinheiro nem sempre é a solução. O primeiro passo é organizar as nossas finanças, só depois é que devemos colocar o dinheiro a trabalhar para nós.


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