Máximo valor pelo menor preço
17 agosto, 2021 por Aurélio Pita
Sempre gostei da ideia de viajar sem um plano bem definido e por esse motivo, há cerca de 3 anos, decidi comprar uma carrinha e transformá-la, de forma a ser possível viajar e dormir nela.
Quando as pessoas descobrem este facto sobre mim, a maioria fica iludida. Começam a falar dos instagramers ou youtubers que seguem. Depois mostram-me carrinhas do pinterest, cheias de brilho, super fotogénicas e com gadgets para tudo e mais alguma coisa. O preço médio dessas carrinhas ultrapassa, facilmente, os 30 mil euros.
Depois eu mostro a minha, uma Toyota Hiace de 2002, toda riscada que parece vir de uma feira no meio do mato. Custou-me 6 mil euros. A cara das pessoas muda, a ilusão desaparece. Algumas, até sugerem que deveria trocá-la, por uma parecida à que me estão a mostrar, claro.
O que a maioria das pessoas não percebe, é que uma carrinha mais cara e mais bonita, não aumenta o real valor da experiência, por outras palavras, não aumenta a felicidade.
Eu dou valor à liberdade de viajar para onde quero, quando quero, sem a necessidade de planear todas as paragens, sem necessidade de reservar alojamento e com a possibilidade de ficar em sítios mais isolados. As viagens que fiz durante o Covid, quando tudo estava fechado, são um exemplo da flexibilidade que a carrinha me dá.
Baseado no que valorizo, uma carrinha de 30 mil euros não aumentará cinco vezes a minha felicidade, mas custa efectivamente cinco vezes mais. Por outro lado, provavelmente conseguirá cinco vezes mais likes, se é isso que importa na vida.
Preço não é valor
É importante ter noção de que coisas mais caras e bonitas não trazem necessariamente mais valor. Saber de onde vem, e como medir a nossa verdadeira felicidade, é um passo fundamental para decidirmos que direção dar à nossa vida.
A pressão social para termos mais e melhor é constante, e por essa razão, nunca conseguiremos ter o suficiente para sermos totalmente aceites como vencedores na sociedade.
Para termos uma vida mais tranquila e feliz, temos que saber o que é realmente importante para nós e deixar de querer a aprovação do povo.
Para finalizar, não posso ser falso, é claro que preferiria uma carrinha de 30 mil euros, se isso não fizesse diferença nas minhas contas, mas não é esse o caso. Comprar uma carrinha desse valor, implica cortar em coisas que considero mais importantes na minha vida, como assegurar o meu futuro.
É tudo uma questão de escolhas, o importante é escolher o melhor para nós, e não o que a pressão social nos faz acreditar que é importante.