Quando comecei a ler sobre finanças pessoais, o termo património pessoal começou a despertar a minha atenção. Na altura tinha pouca noção do que realmente significava património pessoal. Sabia que os ricos tinham muito património, coisas como dinheiro, casas e empresas, mas eu não tinha nada disso. Comecei a questionar se deveria estar mais atento ao meu património.

Na altura, acreditava que o salário era o mais importante em termos financeiros. Em conversas com amigos, sempre que falávamos de dinheiro, era o salário que era discutido. Sem números muito precisos, tinha noção de quem recebia mais e de quem recebia menos, e com isso, era possível deduzir quem estava melhor financeiramente.

Com o tempo descobri que o salário não é o mais importante, e pouco está relacionado com a estabilidade financeira. Devido ao consumismo, regra geral, quem recebe mais, gasta mais, e pouco sobra para criar estabilidade.

Património

Património pessoal é o dinheiro não gasto em consumismo, e é dele que devemos falar com os amigos. É o património que dá-nos a estabilidade financeira.

Tudo o que temos em nosso nome é considerado património, mas é preciso ter atenção, pois existe património bom (ativos) e mau (passivos).

Os ativos, são coisas que ao longo do tempo criam-nos dinheiro. Como exemplo temos os investimentos e o imobiliário. Os passivos, são coisas que tiram-nos dinheiro. Como exemplo temos os créditos, os carros e a habitação própria, que só nos dão despesas.

O nosso património pessoal é a diferença entre os ativos e os passivos. É com este número que podemos analisar se a nossa vida está cada vez mais estável ou não.

Por esse motivo, receber mais, não significa estar melhor financeiramente. A maioria das pessoas gasta todo o seu dinheiro em passivos e tem que continuar a trabalhar todos os dias, durante anos, para os sustentar.

Registo mensal

Após aperceber-me deste conceito, que o que importa é o património e não o salário, comecei a prestar mais atenção aos meus bens.

Comecei por fazer uma listagem de tudo o que tinha em meu nome. Na altura tinha apenas uma conta poupança e um carro. Felizmente não tinha empréstimos, mas para quem os tem, deve incluí-los no seu património como valor negativo.

Após fazer a conta, apercebi-me que pouco tinha conseguido guardar na minha vida. Recebia um salário acima da média, mas isso não se estava a refletir no meu património.

Foi aí que comecei o meu registo mensal de património. Criei um excel e listei tudo o que tinha. A ideia era começar a trabalhar para aumentar o meu património e consequentemente a minha estabilidade financeira.

Exemplo da tabela. Valores fictícios.

Data	Banco	Carro	Total
01-01-2019	10.000€	5.000€	15.000€
01-02-2019	10.200€	5.000€	15.200€

Desde esse dia, mensalmente adiciono uma linha à tabela e revejo o estado do meu património. Demora apenas 10 minutos por mês e o resultado é incrível.

Como ganhei consciência do meu estado financeiro e do meu objetivo, comecei a notar alterações positivas na tabela. O dinheiro parado no banco diminuiu, pois foi movido para investimentos. Os investimentos, por sua vez, começaram a crescer e geram cada vez mais dinheiro. Criei novas colunas na tabela para representar novos bens, consequência da diversificação. Mais importante, sinto-me cada vez mais estável financeiramente.

Primeiro dispara, depois aponta!

Quando falo com amigos desta minha rotina, muitos ficam perdidos. Primeiro parece haver um sentimento de medo, pois estamos a avaliar o resultado das nossas ações, e esse resultado pode ser negativo. Depois começam as dúvidas, não sabem que colunas colocar na tabela, que valor dar à sua casa, se devem ou não meter a bicicleta ou o sofá como património, ou se o carro valorizou com as jantes novas.

A minha sugestão é que comecem a registar o que acham que faz sentido. O importante é começarmos a ter noção do nosso património. Com o tempo, essas questões serão resolvidas automaticamente, pois começamos a identificar o que é realmente importante.

Atualmente o meu excel está cheio de cores, gráficos, percentagens e estimativas. Mas tudo começou com quatro colunas, que eram as que faziam sentido para mim naquele momento.

O importante foi começar a fazer este registo. Isso fez-me transformar a minha visão de património e consequentemente o valor do mesmo. Hoje tenho valores no excel que pensei impossíveis de alcançar quando comecei, especialmente num espaço de tempo tão curto.

Mais importante, tenho uma vida financeira cada vez mais tranquila. O excel mostra que estou a aumentar o meu património e que estou no caminho certo para alcançar a minha independência financeira. Embora o percurso ainda seja longo, com certeza lá chegarei.